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quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

One-shot: Domingos sem Tiffany


Informações:
Romance, Drama. +10

Prólogo
“A vida não é justa. Mas também aprendi que é possível seguir em frente, não importa quanto pareça impossível. Com o tempo, a dor… diminui. Pode ser que não desapareça completamente, mas depois de um tempo não é massacrante.”
Já faz dois anos e mesmo assim a única coisa em que penso é nela. Consigo lembrar com nitidez de sua gargalhada, seus olhos brilhando enquanto sorria. Da sua voz doce e do seu jeito meigo e divertido de ser. Mas ela se foi, eu a deixei partir pois quando se ama deve-se dar a liberdade da pessoa ir embora, ninguém deve ser preso por alguém. Finalmente aprendi oque o verdadeiro amor significava, significava pensar na felicidade da pessoa amada mais do que na própria. Doeu deixá-la, mas ver ela sorrir quase cicatrizava.

Tiffany e eu nos conhecemos no Central Park em um inverno. Eu havia saído de casa para esfriar a cabela, estava meio estressado e achava que um bom ar gelado iria me aliviar. Estava caminhando olhando para o chão, um casaco preto fechado e cachecol vermelho tampando a boca e o nariz. Luvas nas mãos e as mãos no bolso, andava encolhido pois estava realmente muito frio. Minha mão havia avisado que estaria, mas eu nunca dava ouvidos mesmo sabendo que ela estaria certa. Deveria ter ouvido e colocado mais roupas.
O dia estava fechado, escuro, e a neve branca era oque sobressaltava o lugar. Estava com uma touca preta e mesmo assim podia sentir a neve caindo em minha cabeça.
Como as pessoas podem gostar disso? Do frio? Pensava comigo mesmo. Via as crianças se tivertindo deitando-se na neve para fazer anjinhos, juntando neve para fazerem bonecos, se escondendo atrás das árvores do parque para atirarem bolas de neve uma nas outras. E foi aí que eu a conheci.
Passando por uma dessas árvores ouço uma gargalhada e logo sinto uma bolada de neve nas minhas costelas protegidas pelo casaco.
Paro me virando para procurar a criança que teria jogado em mim, talvez propositalmente como muitas faziam.
-Ai meu Deus, perdão. -Uma garota loira veio em minha direção. Não consegui tirar meus olhos dela. Seus cabelos loiros iam até o peito, seus olhos azuis esverdeados me fitavam. Seu rosto levemente corado por conta do frio. Ela trajava um casaco comprido, preto, jeans e botas que iam pouco abaixo do joelho. Estava com uma boina vermelha escura e um cachecol preto caindo onde seus cabelos não pegavam. -Você estpábem? -Ela franziu a testa fazendo suas sobrancelhas em tom escuro ficarem próximas.
-Eu... Ahn.. Estou. -Falo piscando os olhos rapidamente e dando uma rápida mexida na cabeça para espantar meus devaneios.
-Desculpe, eu estava brincando com meu sobrinho. -Ela disse com uma voz doce e sorriu de leve, mostrando pequenas covinhas. Não pude deixar de pensar no quão fofa ela poderia ser.
-Não... Não foi nada, que isso! -Sorri.
-Que bom, espero que esteja tudo bem mesmo.
-Está... Quer dizer, mas pode melhorar. -Tenho uma rápida ideia.
Ela franziu a testa novamente e ergueu um pouco a cabeça. Ela não devia ser uma cabeça mais baixa do que eu.
-Como assim? -Questionou-me?
-Quer sair comigo amanhã à noite? -Pergunto rapidamente, mordendo o lábio inferior.
Ela sorri.
-Tudo bem. -E só faltava eu dar pulinhos quando ela disse isso.
Foi assim que nos conhecemos, em um inverno no Central Park com ela atirando bolas de neve ao brincar com seu sobrinho de sete anos de idade.
Depois de nosso primeiro encontro, em uma noite vazia e fria em um restaurante pequeno ou antes, quando a vi pela primeira vez e voltei para a casa, sabia que queria vê-la. Via ela todas as tardes por um mês antes de começarmos a namorar. Lembro-me de seus olhos brilhando e de seu sorriso que ia de orelha a orelha quando fiz o pedido no mesmo local onde nos conhecemos, a diferença é que estava com sol. Lembro-me dela ter pulado em mim e de me desequilibrar. Lembro de ela ter me beijado quando havia ficado por cima de mim e depois termos ficado lado a lado deitados no chão olhando as nuvens. Lembro de cada segundo que passei ao lado dela, de cada gargalhada, de cada suspiro. Até o nosso último dia.
Eu havia acabado de entrar no apartamento dela. Ouvi ela falando com alguém no telefone, com uma voz de choro e depois ter desligado. Ela estava encolhida no sofá, os joelhos junto do peito e o braço com o celular estava entre as pernas.
Fechei a porta sem tirar os olhos dela que me olhou quando ouviu a porta se fechar.
-Ô meu amor. -Disse sentando-me ao lado dela e puxando-a para mim. Seu rosto estava vermelho e molhado e ela estava fungando.
Sua mão foi para meu peito e sua cabeça também e ela chorou mais.
Fiquei acariciando seus cabelos por um bom tempo até ela se virar para mim depois de ter conseguido parar de chorar. Passei a mão por seu rosto secando as lágrimas que ainda molhavam seu rosto. Seus olhos azuis esverdeados me fitaram tristes e ela disse antes que eu perguntasse:
-Vou para a Eslováquia em dois dias.

Aquelas sete palavras conseguiram acabar com a minha felicidade. Ela não queria ir mas sua mãe tinha enviado a passagem sem avisar à ela de nada. E então deixei-a partir, encontrar sua família e me deixar. Ela brigou o dia todo com seus pais, chorando a cada telefonema enquanto eu dizia a ela que não adiantava de nada isso, que ela ia acabar indo.
-Mas não posso te deixar. -Ela disse entre soluços.
-Você tem a sua família. Prometo que vamos nos ver de novo. -Eu disse, meu coração já partido e a garganta apertada.
-Não vamos. -Ela disse com convicção.
-Como pode saber disso? -Pergunto quase chorando.
-Meus pais vão me prender lá, não vão me deixar voltar. Não sabendo que você está aqui. -Ela disse. E pode ser realmente verdade, os pais dela não aprovavam nosso namoro.
-Eu sei que eles mandaram-me a passagem para me verem sem você. Eu sei.
-Então eles venceram. -Eu disse com a voz firme ou tentando fazê-la ficar firme. Ela tinha que ir e eu tinha que deixá-la.
-Como assim? -Ela me fitou, intrigada.
-Estou terminando com você. 
Foram as quatro palavras mais difíceis que eu já pronunciei na minha vida. Foi a decisão mais difícil que eu já tomei.
Lembro de seus olhos me fitando, lembro do meu coração ter apertado e eu quase dizendo que isso não era verdade, e não era. Mas eu não queria que ela estragasse a vida dela por causa de mim.
-Nos vamos nos ver. Eu juro. -E sai.
Sai deixando-a sem reação. Sai correndo até minha casa e desabando na cama. De tristeza passou para raiva e eu soquei meu travesseiro, derrubei meu colchão no chão. Chutei o armário. Mas de nada adiantava, nada traria ela de volta pra mim.

E a partir dali todos os domingos sem ela foram tristes, todos os dias sem ver seu sorriso eram completamente impossíveis.
E então, um ano depois, um ano depois, no dia que nos conhecemos, recebi uma carta, a primeira de muitas que trocaríamos.

Oi.
Aqui é a Tiffany. Você sabe que não sou boa com cartas assim, não me importo de ser formal ou não com você. Só queria que soubesse que estou tentando escrever essa carta desde o momento em que entrei naquele avião. Mas não sou boa com palavras, não para falar coisas minhas para alguém. Você sabe disso,você sempre compreendeu.
Mas quando essa carta chegar até você já deve ser o dia em que nos conhecemos e eu queria agradecer por cada momento que passamos juntos. Por cada risada, por cada piquenique, Obrigada. Não sei como você está, espero que esteja bem. E também espero que não tenha esquecido de mim e que ainda more no mesmo lugar para poder receber essa carta.
Não sei como vai ser se nos vermos novamente, mas eu quero te ver. E se não for possível, por favor, se ler isto, me responda me dizendo como você está. Me dando um 'Oi'. Devemos pelo menos isso um para o outro, depois de tudo.
Com amor, Tiffany.

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